Por: Nathalia Cirio @umamimag

Educadora etílica

Escolher um bom vinho é só metade do caminho. A outra metade mora nos detalhes: na temperatura, na taça, no jeito de abrir, na forma de armazenar… E antes que você pense “lá vem frescura”, calma. Não é frescura. É só cuidado. Tipo quando você esquenta o pão antes de passar a manteiga. Fica melhor, né? Com o vinho é a mesma coisa. Por isso é importante saber como armazenar vinho e servir. 

A verdade é que a forma como a gente conserva e serve o vinho pode mudar completamente o sabor e a experiência. Não tem nada pior do que abrir um rótulo incrível e servir morno. Ou tomar um espumante sem borbulhas porque ficou aberto na geladeira sem proteção. Ou abrir uma garrafa especial e descobrir que ela estragou porque não foi armazenada com cuidado.

Mas não precisa virar sommelier pra resolver tudo isso. Com algumas dicas simples, você consegue valorizar o vinho que comprou e aproveitar cada gole com muito mais prazer. Vamos nessa?

Temperatura ideal: nem quente, nem gelado demais, apenas na medida!

duas pessoas sentadas próximas a uma mesa de centro com taças de vinho e petiscos

mesa posta com duas taças de vinho tinto e uma pessoa servindo vinho em um decanter

Saber como servir vinho é importante, assim como a temperatura certa faz mágica com o vinho. E não é modo de dizer: ela muda, de verdade, a forma como a gente sente os sabores e aromas. Isso porque nossas papilas gustativas são super sensíveis à temperatura: quando o vinho está muito quente ou muito gelado, elas simplesmente não funcionam direito. Ficam preguiçosas, meio anestesiadas. E aí o que acontece? O sabor do vinho fica todo confuso!

Um tinto muito quente, por exemplo, parece pesado, alcoólico demais e até amargo. Já um branco servido muito gelado perde todo o perfume e fica com sabor de nada. Ou seja, o mesmo vinho, a 5°C ou a 15°C, pode parecer duas bebidas completamente diferentes. 

Isso sem falar nos taninos dos vinhos tintos, aquela substância que dá a sensação de secura na boca, sabe? Eles mudam bastante com a temperatura: se estiverem mais frios do que deveriam, ficam mais duros, agressivos e amargos, mas, na temperatura certa, eles amaciam, ficam mais gentis e complementam a comida.

A temperatura ideal de cada tipo de vinho

É como se o vinho tivesse uma zona de conforto. Ali, naquela faixa ideal de temperatura, ele se mostra mais equilibrado, mais aromático, mais gostoso. A fruta aparece, a acidez brilha, a textura fica macia. Tudo funciona melhor! Então vamos aos detalhes:

  • Tintos: devem ser servidos entre 15°C e 18°C, o que chamamos de temperatura ambiente. A menos que você more numa caverna, sempre geladinha, a temperatura ambiente não é a de uma casa brasileira no auge do verão. Por isso, se o vinho estiver no armário, coloque na geladeira por uns 20 minutos antes de servir;
  • Brancos: estes gostam de mais frescor. Entre 8°C e 12°C é o ideal. Se estiver muito gelado (recém-saído do congelador), vai parecer neutro, sem sabor. Se você perceber isso, basta aquecer um pouco a taça para vinho com as mãos que o sabor volta assim que a temperatura subir um pouco;
  • Rosés: são meio-termo de tudo, inclusive na temperatura. Sirva entre 10°C e 12°C;
  • Espumantes: esses sim gostam de frio de verdade. Entre 6°C e 8°C. Quanto mais geladinho, melhor.

Dica final

Você não precisa de um termômetro, apenas do seu paladar. O vinho é branco e está sem sabor? Gelou demais! Aqueça a taça com a mão e tire a garrafa do baldinho. O vinho é tinto e está muito alcoólico e pesado? Pode estar quente demais. Coloque no baldinho de gelo e vá provando até sentir que melhorou.

Ferramentas de respeito: seus aliados na hora de servir e guardar vinho

taça de cristal para vinho com uma mulher sentada em um sofá segurando uma taça

mesa posta completa com taças para vinho, pratos, talheres e vaso decorativo com plantas

Então, como armazenar vinho aberto e como servir? Você não precisa montar um laboratório de equipamentos, até porque boa parte dos acessórios por aí são supérfluos, mas alguns itens existem mesmo para facilitar a nossa vida. A seguir, eu listo os meus favoritos:

Decanter

É aquele recipiente bonito, de vidro ou cristal, que até parece um vaso de flores (inclusive, já usei para isso em uma emergência! rs). Ele serve tanto para oxigenar vinhos jovens, deixando os aromas mais expressivos, como para separar sedimentos do líquido em vinhos mais antigos. 

No primeiro caso, não existe uma regra exata que indique quando utilizar, mas, geralmente, os tintos mais encorpados costumam se beneficiar bastante. Faça o teste: abra um tinto encorpado, sirva na taça e prove. Enquanto isso, sirva o restante do vinho no decanter e deixe “respirando” por uns 30min. Volte e prove novamente. Você vai perceber que os aromas estarão mais “abertos”, mais exibidos.

Bomba a vácuo

Abriu a garrafa e não vai beber tudo? É raro, mas acontece. Nesta hora, a bomba á vácuo é a sua melhor amiga! Um item simples e barato, que ajuda a retirar o ar de dentro da garrafa, adiando a oxidação e prolongando a vida do vinho que sobrou. A garrafa aberta, que normalmente perderia seus sabores por volta do segundo ou terceiro dia, ganha pelo menos uns 2 dias extras de vida no refrigerador! Agora você já sabe como conservar o vinho depois de aberto.

Balde de gelo

O balde de gelo é um item essencial em qualquer casa, tanto para gelar o vinho, como para mantê-lo na temperatura certa durante a refeição. Então, escolha o seu modelo preferido para aproveitar sua bebida.

Corta-gotas

Um item pequeno e simples que, na maioria das vezes, vem de brinde na compra de um vinho e ajuda a salvar sua toalha branca de um desastre. Ele evita aquela gotinha insistente de escorrer pela garrafa e manchar tudo! Sério, vale a pena.

Uma boa taça e mais nada! 

Vou começar este tópico dizendo que sou uma defensora ferrenha das taças Bordeaux, aquele modelo clássico, de bojo largo, que vemos em tudo que é lugar. Ela foi feita para tintos, mas se comporta perfeitamente bem com brancos, rosés e até mesmo espumantes.

Essa é uma taça de cristal para vinho versátil, perfeita para quem quer praticidade, sem perder a qualidade. É o único modelo que você, de fato, precisa, na singela minha opinião! Dito isso, é claro que é muito fácil se apaixonar pelos diversos modelos lindíssimos que existem por aí (eu sou culpada, compro todos!).

Porém, é bom lembrar que alguns deles têm apenas função estética, sem trazer nenhuma vantagem para a bebida, enquanto outros têm o formato pensado para beneficiar um estilo específico de vinho, como vemos a seguir:

  • Taça de vinho tinto: costuma ter o bojo mais largo, para deixar o vinho respirar e liberar os aromas. As mais famosas são as taças tipo Bordeaux e tipo Bourgogne;
  • Taça de vinho branco ou rosé: um pouco menor e mais fechada que uma taça Bordeaux (mas em formato semelhante), é ideal para manter a temperatura e concentrar os aromas delicados;
  • Taça de espumante: tem que goste da flûte, aquela taça alta e fina, que direciona as bolhas para cima e é reconhecida em todo lugar, mas há quem prefira a taça em formato tulipa, alta como a flûte, mas com um bojo alargado e uma abertura maior na boca. E, como eu disse no início, também há quem goste de tomar espumante em taça de vinho tinto, para poder girar, cheirar e degustar de forma completa. Aliás, quer uma fofoca de bastidores? A maioria dos sommeliers, em casa, usa taça de vinho tinto ou taças universais (próximo item desta lista) para espumante, porque as taças flûte e tulipa têm um formato que dificulta identificar aromas ou, em bom português: o nariz não cabe nesses modelos de taça;
  • Taça universal: nos últimos anos, surgiu um modelo chamado de universal, que é um meio termo entre a taça de tintos e brancos, com o fundo levemente afunilado, pensada para se adaptar aos mais variados estilos de vinho.

Abrir a garrafa sem virar uma cena de ação 

Abrir uma garrafa com o saca-rolhas “amigo do garçom”, aquele modelinho mais comum, é super simples e leva menos tempo do que usar um saca-rolhas elétrico. Para quem não está acostumado, pode até parecer mentira, mas eu juro que é muito fácil!

taça de vinho branco em uma mesa, com uma tábua de petiscos, sousplat e pratos.

1 – Tire a cápsula com cuidado, cortando abaixo da boca da garrafa;

2 – Coloque o espiral no centro da rolha e gire até sobrar apenas meia volta visível;

3 – Apoie a alavanca na boca da garrafa e puxe a rolha para cima;

4 – E se for espumante? Segure a boca da garrafa com uma mão, deixando o dedão 

sempre por cima da rolha, para segurar caso ela estoure. Incline a garrafa e gire a base com delicadeza, até sentir a rolha soltar. 

Quer um vídeo mostrando o passo a passo para abrir vinhos e espumantes como um profissional? Comenta aqui! Quem sabe a gente não grava um passo-a-passo para a próxima publicação!

No fim das contas, é sobre aproveitar do seu jeito 

A melhor maneira de servir e conservar um vinho é aquela que respeita o que ele tem de melhor, sem complicar o que pode ser simples. Você não precisa ter uma adega climatizada, taças variadas ou sequer saber pronunciar nomes franceses. Basta prestar atenção nos detalhes que fazem diferença, para curtir o momento com mais prazer. 

Se vai beber sozinho, com os amigos, com o amor ou com a família toda, o vinho vai estar lá, pronto para fazer parte. E quanto mais você entende o básico, mais liberdade você ganha para improvisar. Porque vinho não é uma cerimônia, é uma escolha. E ela pode (e deve) ser leve.

Por: Nathalia Cirio @umamimag

Educadora etílica

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